Capitulo – 1
Antes de começar a chover, estava um dia lindo e nessa tarde de chuva, estava eu em frente à lareira feita em brasas que aquecia a casa; de repente apareceu o Paulo subindo as escadas de mármore e dizendo que queria falar comigo.
Paulo e eu éramos amigos há alguns anos, o facto de sermos grandes amigos e como irmãos, fazia com que tivéssemos longas conversas, os meus pais não se importavam e as vezes até acabava por ficar a dormir lá em casa, o que para mim era uma alegria.
Paulo era um rapaz super simpático, magrinho, cabelo castanho claro, olhos azuis e tinha um rosto muito “fofinho”, andava sempre de ganga, preto ou branco, pois tudo para ele tinha um significado, quando andava de preto era porque estava mal disposto consigo mesmo, quando andava de branco significava que estava muito alegre, divertido; mas se vinha de ganga azul clara, era porque nesse momento tudo lhe corria “às mil maravilhas”.
Tudo para ele tinha um significado, os dois fios que trazia ao pescoço por exemplo: o do coração preto, envolto de fios dourados significava o defeito que existia no seu amor, juntamente com este coração tinha uma cruz para Deus o guardar, o outro era um Buda que era da sua mãe.
Dias antes, tínhamos tido uma conversa sobre a vida dele, em que a tinha contado muito superficialmente.
Quando chegou e me pediu para falar, não o fiz esperar e fomos ate ao meu quarto, sentámo-nos e disse-me que algumas coisas que me havia dito uns dias antes não eram totalmente verdade, eu, espantado, fiquei a olhar para ele.
Começou por dizer que ia contar tudo tal e qual acontecera e vindo do passado ate ao presente; disse-me também para não contar a ninguém.
Antes de me contar algo disse-me que era o melhor amigo que ele tinha, e sempre tivera, pois era o único que o compreendia e confortava, mas eu disse-lhe:
- Paulo posso ser o teu melhor amigo, mas também tenho outros amigos, entre os quais está o meu melhor amigo… que agora me anda a decepcionar (disse eu em voz baixa).
- Então deixa-me ser o teu melhor amigo disse-me ele a chorar e uma cara de desespero.
- Pode ser que talvez um dia venhas a ser, és um amigo a 100% e tens todas as qualidades exigidas a um amigo.
- Sabes eu desde há muito que ando para dizer o que sinto neste coração miserável e vazio; parece que quem me rodeia acaba sempre por sofrer. Vais saber da história da minha vida e assim saber as razoes das quais ando sempre triste e sozinho….
- Tu não andas sozinho tens-me a mim e a todas as outras pessoas!
- Não concordo, porque tu podes ser meu amigo, mas os outros não o são.
Bem… vim cá para contar a verdadeira historia e para tu saberes o porquê de eu te ter enganado.
- Ouve até ao fim sem interrupções por favor. Até porque no final quero-te fazer um pedido. Ok?
- Está bem